quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Bom senso ou Padrão?

Talvez a ferramenta Lean mais praticada e conhecida seja os 5S. Eu procuro praticar os 5S não só no ambiente profissional, mas também procuro colocá-los em prática no meu cotidiano. Para quem não sabe o que são, vejam a definição:

O 5S é uma ferramenta de trabalho de origem japonesa que permite desenvolver um planejamento sistemático de classificação, ordem, limpeza, permitindo assim de imediato maior produtividade, segurança, clima organizacional, motivação dos funcionários e consequente melhoria da competitividade. Os 5 Ss são:
  • Seiri: Senso de utilização. Refere-se à prática de verificar todas as ferramentas, materiais, etc. na área de trabalho e manter somente os itens essenciais para o trabalho que está sendo realizado. Tudo o mais é guardado ou descartado. Este processo conduz a uma diminuição dos obstáculos à produtividade do trabalho.
  • Seiton: Senso de ordenação. Enfoca a necessidade de um espaço organizado. A organização, neste sentido, refere-se à disposição das ferramentas e equipamentos em uma ordem que permita o fluxo do trabalho. Ferramentas e equipamentos deverão ser deixados nos lugares onde serão posteriormente usados. O processo deve ser feito de forma a eliminar os movimentos desnecessários.
  • Seisō: Senso de limpeza. Designa a necessidade de manter o mais limpo possível o espaço de trabalho. A limpeza, nas empresas japonesas, é uma atividade diária. Ao fim de cada dia de trabalho, o ambiente é limpo e tudo é recolocado em seus lugares, tornando fácil saber o que vai aonde, e saber onde está aquilo o que é essencial. O foco deste procedimento é lembrar que a limpeza deve ser parte do trabalho diário, e não uma mera atividade ocasional quando os objetos estão muito desordenados.
  • Seiketsu: Senso de Padronização: Criar normas e sistemáticas em que todos devem cumprir. Tudo deve ser devidamente documentado. A gestão visual é fundamental para fácil entendimento de cada norma.
  • Shitsuke: Senso de autodisciplina ou hábito,costume. Refere-se à manutenção e revisão dos padrões. Uma vez que os 4 Ss anteriores tenham sido estabelecidos, transformam-se numa nova maneira de trabalhar, não permitindo um regresso às antigas práticas. Entretanto, quando surge uma nova melhoria, ou uma nova ferramenta de trabalho, ou a decisão de implantação de novas práticas, pode ser aconselhável a revisão dos quatro princípios anteriores.
Um ponto muito comum de discussão durante a implementação é com relação ao bom senso. É um desejo comum nas empresas que exista um grau de liberdade no rigor da aplicação, baseado no fato das pessoas usarem o bom senso para saber quando está bom.

Particularmente sou contra! Se avaliarmos os consagrados sensos do 5S, não vamos encontrar o bom senso. Permitir que as pessoas o usem, nada mais é que a aplicação dos primeiros 3S que, se não evoluirem para os 5S, seguramente não vão perdurar.

Bom senso é algo individual, cada um tem o seu, portanto será fonte de problemas. O bom pra mim, é ruim para outro e ótimo para alguém. Para isso existem os dois últimos S (Padrão e Disciplina). Padrão evita o bom senso!

Posso citar como exemplo simples o trânsito. Alguém consegue imaginar, por exemplo, um trânsito sem semáforos, placas de sinalização, faixas, direção, organização? Seria um caos, não é verdade? Pois bem, como citei no post India: Maratona no Aeroporto, eu tive o prazer de morar e conhecer um pouco deste pitoresco país. Na cidade em que eu vivia (Vadodara), o trânsito era exatamente como eu descrevi no acima: não existiam semáforos, faixas, placas, organização, etc. Tudo era baseado no bom senso da população. O resultado: CAOS! Era comum levar mais de 1 hora para fazer o trajeto do hotel onde eu vivia até a fábrica, percurso que tinha 12 Km apenas. Vejam no vídeo amador que fiz de um dia voltando para o hotel (perdoem a narração).



Outro exemplo de como o bom senso pode ser perigoso: Certa vez, em uma implantação de 5S, ficou decidido que sobre as mesas de escritório só poderiam existir objetos relacionados ao trabalho. Para que não gerasse nenhum desconforto, permitiu-se que um objeto pessoal fosse colocado também, respeitando o bom senso. A foto fala mais do que qualquer palavra.



Como está seu bom senso? Padrão é o caminho!

2 comentários:

  1. Ótimo post Luciano!

    Muitas vezes as pessoas pensam que as implementações são radicais demais, por exigirem estabelecimento e principalmente o cumprimento dos padrões - contrariando a "cultura" da empresa.

    É importante lembrar que sem estes novos padrões, jamais conseguiremos alcançar uma nova cultura voltada para a excelência!

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  2. No local onde trabalhava de Trainee, numa unidade de catering, eu quis implementar o 5S pois a desorganizacao e falta de fluidez do processo de montagem e distribuicao das provisoes do Hospitality eram gritantes e comprometiam a qualidade e rapidez do servico(alem do stress gerado entre os funcionarios). Qual foi a minha surpresa quando o projeto nao foi aprovado, pois nenhum gerente (nem os seniors) sabiam do que se tratava o 5S e duvidaram da sua eficacia ou, como disse o Marcio, poderia ir contra a cultura da empresa.

    O bom senso continuou em pratica e o caos instalado idem, bem alinhados com a cultura da empresa!

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