quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Capacitação nas Nuvens

No último domingo fiz uma viagem voando em um avião da TAM. Como de costume, ao sentar-me peguei uma daquelas revistas de bordo que é chamada TAM nas Nuvens e comecei a olhar, sem grande interesse. Teve uma matéria que li que chamou a atenção pois falava sobre como são feitas as manutenções das aeronaves. Particularmente me chama a atenção pois todos sabemos o que pode acontecer caso um avião tenha algum problema, especialmente durante o voo. Pois bem, eles mencionavam algo sobre a formação dos manutentores em uma matéria da edição de Dezembro/2010.

Procurei um pouco e encontrei a matéria. Veja abaixo:



Uma coisa que aprendi nos 5 anos que trabalhei na Toyota do Brasil foi a valorizar a capacitação e entender que ela não acontece da noite para o dia. É necessário muito tempo, investimento e dedicação para atingir um nível de excelência. Cito dois exemplos: na Toyota, um Chief Engineer (uma espécie de Gerente de Produto / Projeto), pode levar até 25 anos para ficar "pronto". Ele passa por diversas áreas da empresa, conhece as diferentes realidades e dificuldades de cada uma delas, até estar apto para a função. Um operador chega a ficar 1 mês sendo capacitado, passa também por diversos setores, até entrar na linha de produção (era assim na minha época). Soa muito tempo, não? Talvez até seja mesmo, mas vamos entender a mensagem: capacitação leva tempo, investimento e dedicação!

Isso também vai de encontro com o que está descrito no livro de David Mann, Creating a Lean Culture, onde o trabalho padronizado aparece como uma maneira de capacitar os líderes para a filosofia Lean.

Fiquei impressionado ao ler a matéria e ver com a seriedade da capacitação do pessoal de Manutenção da TAM. Segue a mesma linha de pensamento da Toyota, mas, muito mais importante que isso, preocupa-se muito com o resultado final: zero falhas em aviões!

Investindo tanto na formação dos manutentores, eles garantem um alto nível de serviço e ainda mantém o time motivado, visto que estão em constante formação, ganhando experiência e aumentando sua empregabilidade, consequentemente.

Claro que a grande motivação para um investimento desses é a preservação das vidas da pessoas e, em consequência, a preservação da imagem da empresa, pois todos sabemos da repercussão causada por qualquer problema em aviões. Basta ver como as pessoas ficaram assustadas com os dois casos gravíssimos de queda de aviões em Congonhas, respectivamente em 1996 e 2007. Fora o sofrimento e a dor das famílias vítimas das tragédias.

Independente disso, fica uma líção para as empresas que buscam elevar o nível de excelência e qualidade: Capacitação é coisa séria! Como está a capacitação dos seus funcionários? Quanto está sendo investido nesse sentido?

Se os resultados não vão bem, essa pode ser uma das razões.

3 comentários:

  1. Certamente se as empresas tivessem atentado para a capacitação não estaríamos passando por este "apagão de mão de obra" nos mais diferentes setores.
    Mas além das empresas temos que convocar o Estado a assumir a sua responsabilidade no setor de Educação, pois capacitar um profissional demanda dele um "Pré paro" feito na base, no início da sua educaçao formal.
    Gigi Cavalieri

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  2. Interessante é ver cada dia mais as empresas querendo resultados dos novos funcionários - ou antigos em novas posições - cada vez mais rápido.

    Acho que logo veremos onde isso vai parar

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  3. Artigo excelente! Venho aqui reiterar aquilo dito por Gigi. Se as empresas estão preocupadas com a qualidade de seus funcionários, no sentido de preparação dos mesmos, percebemos um total desleixo na área educativa. Talvez se houvesse um preparo melhor na fase inicial da vida, quando ainda nem há a preocupação com a carreira, boa parte dos treinamentos poderia ser otimizada. Os funcionários talvez não chegassem tão "crus" às empresas e o ga$to talvez fosse menor. Cabe a reflexão. Será que alguém já se atentou a isso?

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