Em 2012 estive em Natal com minha
família e foi a última vez que voamos GOL.
Ficamos tão decepcionados com o
serviço prestado, que desde então, se podemos, evitamos voar com a GOL. Nessa
viagem foi a primeira vez que tivemos que pagar, por exemplo, pra poder comer
um misto frio e tomar um suco. Além do absurdo de ter que pagar, o preço
praticado era extremamente abusivo.
Passei por essa experiência
de cobrança de serviço de bordo, mas estava voando EasyJet na Europa e SEMPRE
foi claro que essas eram as condições, já que a EasyJet posiciona-se como uma
empresa de voos de baixo custo.
Passei por essa experiência
de cobrança de serviço de bordo, mas estava voando EasyJet na Europa e SEMPRE
foi claro que essas eram as condições, já que a EasyJet posiciona-se como uma
empresa de voos de baixo custo.
Voltando a GOL... eu e minha esposa
comentamos muito que se a empresa não mudasse sua estratégia, enfrentaria
graves problemas em pouco tempo. Dito e feito! Semana passada recebi essa
notícia:
A empresa está amargando um enorme
prejuízo. Se não mudar o seu modelo de gestão, em pouco tempo estará à venda.
E pensar que em 2006, durante uma pós-graduação
que fiz, estudei a GOL como um modelo de gestão. Tomara que eles voltem a
trilhar esse caminho, voltando a entender que para obter lucro, tem que
oferecer VALOR ao cliente.
Hoje pela manhã vi uma notícia muito
interessante sobre Kaizen na Etiópia.
Talvez quando você leia “Etiópia” venha na sua cabeça a imagem de pobreza e
fome ou de maratonistas recordistas.
Pra uma grata surpresa a Etiópia vem
trabalhando há algum tempo com melhoria contínua em parceria com o Japão e
obtendo resultados fascinantes em aumento de produtividade e motivação da sua
força de trabalho.
A reportagem completa, em inglês, pode ser
encontrada no link abaixo:
O aspecto que mais me chamou a atenção sem
duvidas é o nível de envolvimento dos trabalhadores, citado na matéria, e o
resultado que isso está gerando.
Me fez lembrar muito da minha experiência trabalhando
com Kaizen no vizinho Sudão, em 2009. Era impressionante como os trabalhadores,
após serem envolvidos no processo de melhoria e após entender os benefícios do
mesmo, se comprometiam com a mudança, se motivavam com a mudança e mantinham o nível
alcançado.
Minha experiência traz os mesmos resultados que
a experiência na Etiópia. Dessa forma, dois pensamentos aparecem:
1 – a necessidade de melhoria tem como motivação
inicial uma crise. Veja o exemplo do Japão, destruído na segunda guerra e os
exemplos que citei da África. A crise leva a falta de recursos, que leva à
necessidade de fazer coisas de uma maneira diferente para obter resultados
diferentes. Outro exemplo? A indústria automotiva no Brasil viveu a soberba de
um bom momento econômico no país e deixou as práticas de Kaizen em segundo
plano. Era “fácil” dar lucro. Hoje, com o país em crise, buscam resgatar os
conceitos que deixaram de lado.
2 – não é preciso muito investimento para fazer
Kaizen. Muita empresa no Brasil “entrou na onda” da melhoria e fazia
simplesmente porque “todos estavam fazendo”. Na hora de investir virava custo.
Visitei muitas empresas com essa característica e os resultados são fáceis de
adivinhar. Duvido que o Kaizen etíope necessite de um grande montante de dinheiro para dar os resultados atuais.
Esse momento de crise que o Brasil atravessa é
complicado, mas é também uma enorme oportunidade para voltar (ou começar) a
fazer Kaizen na sua essência, talvez aprendendo na humilde Etiópia.
Todos sabem
que o Brasil vive uma crise hídrica histórica desde o ano passado. Um problema
que atingia o Nordeste há anos e que chegou com força na região Sudeste.
Infelizmente
para a população, 2014 também foi um ano de eleições e em anos como esse tem
uma palavra que é quase uma heresia ser pronunciada por candidatos de qualquer
esfera: PROBLEMA!
Aliás, pelo
contrário. PROBLEMA é a palavra preferida de ataque entre adversários
políticos. Problema na Petrobrás, problema de apagão, problema disso, problema
daquilo... PROBLEMA! Sempre ou em 99% das vezes, negados com veemência pelo “acusado”
como se tivesse recebendo uma ofensa pessoal.
Pois bem,
aí é que mora o PROBLEMA e que resume um pouco da terrível situação que o país
atravessa hoje com essa crise de abastecimento de água.
Por não admitir
que a falta de água fosse um PROBLEMA, as medidas de contingência necessárias
para enfrentá-lo, não foram devidamente tomadas. Podemos ver no vídeo abaixo, o
Governador do Estado de São Paulo, em plena campanha eleitoral, negando que o
PROBLEMA existe.
O PROBLEMA
está aí e agora precisa ser resolvido. Medidas mais drásticas devem ser tomadas
agora, como racionamento, corte de água em algumas regiões... Será um período
complicado e que deve durar bastante tempo. Detalhe: o PROBLEMA ainda é timidamente admitido nas altas esferas governamentais.
Trabalho com
melhoria há mais de 15 anos, tendo passado destes, 5 anos na Toyota. Nessa
empresa tive contato com o Sistema Toyota de Produção e com varias
peculiaridades do mesmo que hoje sou 100% de acordo. Algumas frases que ouvia
demais:
“O pior
problema é não ter problema”“Se você não
tem problema, não está gerenciando direito”“Mostre-me
o que está mal, não o que está bom”
São varias,
mas uma das minhas preferidas sem dúvidas é:
“O primeiro
passo pra resolver um PROBLEMA é assumir que o PROBLEMA existe”
Detalhe:
isso é cultura em empresas japonesas desde a década de 1950, no mínimo. Custa-me
acreditar que nossos governantes, em sua maioria com uma bela formação acadêmica,
não tenham consciência de algo tão elementar. A gestão publica brasileira está
em outra era, anos-luz de distancia das mais “modernas” técnicas de gestão.
Dessa
forma, não há outra forma que não seja tirar das mãos de pessoas despreparadas
e passar para quem tem mais condições de gerenciar.
No texto do
link abaixo (em inglês), o autor expõe duas das principais causas da falta de
agua no Brasil: falta de manutenção da rede de distribuição e falha na gestão do
desmatamento da Floresta Amazônica.
A gestão de
abastecimento de água nas mãos de uma empresa privada diminuiria muito o
primeiro ponto, da falta de manutenção. Perda de água na distribuição por
vazamento significa prejuízo financeiro pra empresa, ou seja, um PROBLEMA!
Hoje moro
em um país onde o período de estiagem dura 6 meses. Sim, meio ano praticamente
sem uma gota de chuva... e não falta uma gota de agua! 100% da distribuição de
agua do país é feita por empresas privadas que não tem medo de PROBLEMA e sabem
que:
“O primeiro
passo pra resolver um PROBLEMA é assumir que o PROBLEMA existe”
Não é o que
acontece na gestão pública... infelizmente.
Um dia após
o Super Bowl XLIX, tive acesso a um vídeo que explica o processo de fabricação de
uma bola de futebol americano. Fiquei muito surpreso com o que vi e confesso
que a surpresa foi negativa. Vejam o vídeo:
- A parte
da costura foi o primeiro ponto que me chamou a atenção. Um operador menos
experiente teria muitos problemas em concluir essa tarefa sem produzir bolas
com defeitos. Um dispositivo Poka-Yoke poderia ser usado aqui para ajudar a
posicionar o couro e fazer uma costura perfeita.
- Outro
ponto é parte de virar a bola do avesso. Vapor, martelo e o processo de virar são
um risco à ergonomia e a integridade física do operador.
- A parte
do laço também tem problemas ergonômicos importantes e, por fim, a prensa que
molda a bola, gera uma grande espera para a operadora.
- Outro
desperdício citado ao final: a bola “perfeita” depende do quaterback que vai
utilizá-la, ou seja, mais sobre processamento.