Todos sabem
que o Brasil vive uma crise hídrica histórica desde o ano passado. Um problema
que atingia o Nordeste há anos e que chegou com força na região Sudeste.
Infelizmente
para a população, 2014 também foi um ano de eleições e em anos como esse tem
uma palavra que é quase uma heresia ser pronunciada por candidatos de qualquer
esfera: PROBLEMA!
Aliás, pelo
contrário. PROBLEMA é a palavra preferida de ataque entre adversários
políticos. Problema na Petrobrás, problema de apagão, problema disso, problema
daquilo... PROBLEMA! Sempre ou em 99% das vezes, negados com veemência pelo “acusado”
como se tivesse recebendo uma ofensa pessoal.
Pois bem,
aí é que mora o PROBLEMA e que resume um pouco da terrível situação que o país
atravessa hoje com essa crise de abastecimento de água.
Por não admitir
que a falta de água fosse um PROBLEMA, as medidas de contingência necessárias
para enfrentá-lo, não foram devidamente tomadas. Podemos ver no vídeo abaixo, o
Governador do Estado de São Paulo, em plena campanha eleitoral, negando que o
PROBLEMA existe.
O PROBLEMA
está aí e agora precisa ser resolvido. Medidas mais drásticas devem ser tomadas
agora, como racionamento, corte de água em algumas regiões... Será um período
complicado e que deve durar bastante tempo. Detalhe: o PROBLEMA ainda é timidamente admitido nas altas esferas governamentais.
Trabalho com
melhoria há mais de 15 anos, tendo passado destes, 5 anos na Toyota. Nessa
empresa tive contato com o Sistema Toyota de Produção e com varias
peculiaridades do mesmo que hoje sou 100% de acordo. Algumas frases que ouvia
demais:
“O pior
problema é não ter problema”“Se você não
tem problema, não está gerenciando direito”“Mostre-me
o que está mal, não o que está bom”
São varias,
mas uma das minhas preferidas sem dúvidas é:
“O primeiro
passo pra resolver um PROBLEMA é assumir que o PROBLEMA existe”
Detalhe:
isso é cultura em empresas japonesas desde a década de 1950, no mínimo. Custa-me
acreditar que nossos governantes, em sua maioria com uma bela formação acadêmica,
não tenham consciência de algo tão elementar. A gestão publica brasileira está
em outra era, anos-luz de distancia das mais “modernas” técnicas de gestão.
Dessa
forma, não há outra forma que não seja tirar das mãos de pessoas despreparadas
e passar para quem tem mais condições de gerenciar.
No texto do
link abaixo (em inglês), o autor expõe duas das principais causas da falta de
agua no Brasil: falta de manutenção da rede de distribuição e falha na gestão do
desmatamento da Floresta Amazônica.
A gestão de
abastecimento de água nas mãos de uma empresa privada diminuiria muito o
primeiro ponto, da falta de manutenção. Perda de água na distribuição por
vazamento significa prejuízo financeiro pra empresa, ou seja, um PROBLEMA!
Hoje moro
em um país onde o período de estiagem dura 6 meses. Sim, meio ano praticamente
sem uma gota de chuva... e não falta uma gota de agua! 100% da distribuição de
agua do país é feita por empresas privadas que não tem medo de PROBLEMA e sabem
que:
“O primeiro
passo pra resolver um PROBLEMA é assumir que o PROBLEMA existe”
Não é o que
acontece na gestão pública... infelizmente.